quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sombra do tempo

"Aquele pássaro que eu era sou
ainda, ainda que pareça morto
ou em repouso aqui nesse aeroporto
sem expresso desejo alçar vôo."

Soneto 43 - Tite de Lemos

Deves sempre rir-se de mim
Quando escutas falar de meus moinhos.
"Ai, coitado, anda tão sozinho...
que delira com o próprio fim."

Eu rio, rio em meio ao pranto
Insano, sádico e absorto
Não há futuro, meu destino é torto
E faço de todo lamento um canto.

Não digo que de tudo serei atento
Nem sempre, nem tanto por quanto que finda
Mas, te legarei em prece meu alento.

O futuro é o infinito que nos brinda
Deixo este recado na sombra do tempo:
"Aquele pássaro que eu era sou ainda"