sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A menina e a flor


Já me acostumei com teu nome de passarinho
E teu temperamento dócil e espavento
Vem e traz tamanho contentamento
Que de tão grande me faz pequenininho.

Me faz sentir bobo como um menino
Que ainda embestado de tudo acha graça
Meu amor me levou a passear pela praça
Tua voz ouvi em meio ao dobrar do sino.

Era tudo tão a mesma coisa antes de ti
Em tudo havia uma enorme fadiga aflita
As coisas estavam cansadas, todas as coisas eu vi

Mas ao leve trinar, que sua voz sucita,
Sinto um algo que nem em outra vida senti
Brotou, quis ser, e tudo enfim ganhou vida.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Memento Mori (Lembra-te que morrerás)


"Dirão em som, as coisas que, calados, pelo silêncio dos olhos confessamos?" Saramago

Ao ver-te eu tremo
um tremor de contemplar abismos
tremor em ode à morte que sismo
em declamar em versos serenos.

O medo se soma ao medo
e a verdade, sob que friso?
Em qual canto do teu sorriso
se esconde meu engano ledo?

Que buscará em corpos frios tuas mãos?
Que busco eu no negro vão do precipício?
Ambos dançamos entre estes que se julgam sãos

Ambos matamos, em altas doses, nossos vícios
E assim faremos de nossa arte obsessão...
Minhas mãos trêmulas buscam as tuas em um hospício.