sexta-feira, 26 de abril de 2013

Nosce te ipsum

Tua figura se agiganta no horizonte
Teus lábios beijam o anil como a serra
Os teus seios se elevam em dura terra
Vão tuas pernas torneando lindo monte

Vão teus braços ondulando como rios
Tuas mãos enraizando vasta mata
São teus olhos sol e lua intemerata
Teus cabelos vasto e fundo mar sombrio

As muralhas de teus pés guardam segredo
No teu ventre forma um vale silencioso
Te chamei para ver-te, que engano ledo,

Me perdi num vale frio e doloroso
Entre matas, mares, rios e rochedos
Não é de perto que se enxerga o grandioso.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Espero que este exemplo não seja distante demais

Aqui, neste canto, um sonho se desfez
Escondo meus olhos, de engano, que choram
Já raia outro dia meus olhos o ignoram.
E eu que era um, agora sou três
 
Ai, que a saudade me mata outra vez
E, outra vez mais, outonam as lembranças
A vida, quando esfria, encolhe a esperança
E morrem crianças por eu ser freguês.
 
Espero, algum dia, poder compreender
Que tudo se finda e dura um momento
E ainda deseje qualquer sentimento
Apaga-se a lousa e retoma à escrever.
 
E isto te escrevo, à você que agora lê
Te amarei algum dia, mesmo assim, sem saber
Porque amo e esqueço, amo assim, sem valer
Mas esse já não sou eu, este agora é você.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Crise de meia idade

Trabalha com o que não gosta
Recebe o  que não merece
Compra o que não precisa
Gasta o que não tem
Perde o que tem
Passa o tempo
Envelhece
Morre
Fim
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