sábado, 18 de maio de 2013

As portas

As portas, todas essas portas,
Com seus trincos e suas trancas
Fechadas, nosso caminho atravanca
Abertas, quem repara? quem se importa?

Se bater, quem será que atenderia?
Saberei entender quem me atende?
E se, ao me ver, quem atender se surpreende?
Na surpresa de atender me entenderia?

E estas portas do teu corpo, da tua alma?
Estas grossas portas, frias e carrancudas
Para abrí-las em teus molhos perde a calma
Que nestas chaves desiludidas não te iludas.

E quantas portas eu cruzei para encontrá-la?
E quantas cruzo ainda em cada reencontro?
Elas se abrem, elas se fecham, há um desencontro
E a esperança ainda bate: "inda hei de amá-la".

Eis portas duras, eis portas graves, dela me privam
Portas cruéis que guardam e tracam coisa tão bela,
Teu coração, mas teus olhares nos meus motivam
A ser ladrão e roubar-te amor pelas janelas.