segunda-feira, 9 de abril de 2012

Grito

Ó fado, fado meu, que me deixas falar de morte
Ó fado, querido fado, se não fui eu homem de sorte
Quem dera ser meu destino, amar a inocente, a vestal
Adornarás cada verso, destino, que me quer tanto mal

Se debalde amei aquela que me foi puro engano
Me tens agora má fortuna como laço de cigano
O vento anuncia a chuva, o pranto anuncia a dor
Que te move, vida errante, senão o infortúnio amor?

Fado meu, que me foras do silêncio o Grito!
E a morte vem ao longe e pacientemente assisto
Perdoa-me destino sei bem que não és o culpado
Ao dar minha bússola, lhe dei meu Norte, isto sim foi pecado.

sábado, 7 de abril de 2012

Realidade

Sonhei que morava numa rua chamada solidão,
aqueles que ali passavam sendo boa gente ou não,
passavam um tanto apressados, com um aperto no coração
mas eu que ali morava não dava a menor atenção.


É gente bem recatada que mora na vizinhança
não tem nada de zuada, nem baderna, nem lambança
passe lá de madruga que de silêncio teu ouvido cansa!
Mas tenho um cado de inveja de quem mora na rua Lembrança


Essa é minha rua vizinha aqui no bairro Saudade

é uma rua apertadinha, mas sobra felicidade
imagine ser vizinho de seu amigo de mocidade?
correr atrás de passarinho e só ter uma idade


A rua mais povoada é a travessa esperança
Ali só gente rica, bem casada e com herança
mas é gente mal educada com lingua cheia de trança
com 17 filhos mamando e: -Dai-me Deus outra criança.


Já o beco felicidade é engraçado que só vendo
de belo só tem o nome é mais feio que dente doendo
não tem casa só barraco, o povo vestindo trapo, ninguém se compadecendo
pense na minha agonia, felicidade ali existia eu que não estava vendo


Nesse sonho muito louco, que nem sonho de criança,
numa rua solidão ao lado da rua lembrança
com a travessa da esperança e o beco felicidade
Num bairro chamado Saudade, acordei, já era tarde.