segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pequenina

Sentir Saudade é estar doente de passado.
Assim, o "cada um para seu lado"
só faz bem a quem não te apraz.
Coisa que o tempo não cura é Saudade e Amor,
ambos são uma dor, ambos habitam no peito,
ambos não enxergam defeito seja ele qual defeito for.
Mas ambos são coisa séria, convertem em miséria a alma, a consciência e o ser.
E não se engane, nenhum dos dois tem cura.
Remediar, todos partem à procura e se iludem
mais e mais com o vazio do viver.
Vazio este que se preenche,
Saudade esta que não me assola,
Amor que arde e com o Tempo se enamora
e enriquecem minha alma, minha consciência e meu ser.
É coisa fértil, é explosão de vida, é a Felicidade quando vejo você.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cordel da Estrada da Ilusão

Na estrada da ilusão
seguiam: razão, paixão e loucura.
seguiam caminho reto,
e sem ter muita desventura
achavam que estavam certos
por seguir nesta aventura.

E seguindo lindo caminho
sem pedra, nem alçapão
nenhuma cruz, nem espinho
onde calcassem o chão
depararam logo com
uma grande bifurcação

Era a bifurcação medonha
da triste e cruel solidão,
na qual de muita enfadonha
tiraram uma conclusão
"já não quero mais viver
o doce sonho da ilusão"

Cada qual para o seu lado
cada qual para o seu chão
"ficarei com a minha parte
o que me cabe da ilusão
parte esta que cativo
dentro do meu coração"

A paixão era a mais cega
seguiu logo seu caminho
se tratava de uma serra
com muita lama e espinho
queria plantar e colher
e levou sua parte sozinho

Um terço de mim é paixão
um terço de mim é loucura
outro terço de mim é razão
faço uma linda mistura

Inteira sou o amor
inteira sou o perdão
mas a parte que me cabe
sem dúvida é a paixão.

Tendo apenas restado
a razão e a loucura
embora tenha prestado
ficaram em grande fissura
pois faltavam-lhe a paixão
e partiram a sua procura

A razão a mais esperta
seguiu num caminho ligeiro
era um caminho festeiro
cheios de flores abertas
mas quem quer só mel na certa
inda há de engolir um vespeiro

Um terço de mim é razão
um terço de mim é loucura
outro terço de mim é paixão
faço uma linda mistura

Inteira sou o amor
inteira sou emoção
mas a parte que me cabe
sem dúvida é a razão.

A loucura era a mais tola
de pensamento inocente
de sonhos irreais ardentes
que a vida nos apregoa
ficou na bifurcação
achou que era coisa boa

Um terço de mim é loucura
um terço de mim é paixão
um terço de mim é razão
faço uma linda mistura

Inteira sou o amor
inteira sou a ternura
esta parte que me resta
agora chamo de loucura.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Já não sofro mais por mim

São tantas coisas lindas, são tantas coisas loucas.
São coisas tão belas, tão frágeis e tão poucas.
São pedaços de humanidade espalhados pelo caminho.
Para quando regressarmos já os terem levado os passarinhos.
É!, a serpente estava certa, caminho nesta linha reta sem ter para onde voltar.
Sem chão sob meus pés, só verdades duras, cruéis, e não ter o que falar.
Me empenho no que acho certo, falo de amor com cuidado.
Se me dizem: -"Tá errado" - Quando falo de amar, eu retruco:
- "Quem lhe deu o poder de legislar sobre o que é certo e errado?"
e concluo: - "Sou culpado por querer meu bem maior?"
O destino é poderoso, esperto, melindroso quer me deixar na pior.
E confesso: - Sou ingênuo.
Das suas tramas eu peno, mas não sei, da missa, a reza.
Mas não sou homem mesquinho que qualquer coisa se enfeza.
E se um dia for lhe aviso, te asseguro, o prejuízo, com juros, inda é maior.
Não tenho o dom da palavra, nem sou dono da conversa.
Deixo pra lá o que não presta, pois, não tem nada melhor.
Digo sempre a verdade, doa a quem se interessar.
Pois, se um dia eu faltar com a verdade, um dia ela vai me faltar.
E uma vida sem honra, sem lealdade e sem modéstia,
Só resta habitar na réstia ir ter, na corja, com o seus.
Viver num mundo sem Deus, já basta no que vivemos.
O pó da terra comemos, condenados, mês a mês.
Já não choro meus problemas, já não canto minhas mágoas.
Já não sofro mais por mim, sofro agora por vocês.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cinepoème

Hei de chover como bálsamo,
quando estiverdes no perpétuo sono
e o calor já nao lhe adornar a pele.
Hei de chover como bálsamo,
quando a morte beijar-te a face
e sua mácula impregnar tua carne
e não serdes mais ele ou ela mas,
isto, e aqui jaz.
Hei de chover como bálsamo,
quando deixardes as preocupações
e o "quo vadis mon amour?" já nao lhe interessar
e teu corpo, ainda cheio de encanto,
não mais te pertencer e por fim
encontrares o conflito entre o ser e estar.
Hei de chover como bálsamo,
já não chorarão por ti os cinamomos
e a resposta não será soprada ao vento
e quem há de contar teus feitos?
tuas glórias, teus amores?
quem irá lembrar de ti? de teu nome?
de teus conceitos coberta de flores?
Hei de chover como bálsamo,
E serei assim reles testemunha de história distinta,
umedecendo o chão, a terra que nutriste quando faminta.

Como bom timbira "da fonte bebi":
Bob dylan - Blowin'n the wind #music
Alphonsus de Guimaraens - http://www.paralerepensar.com.br/a_guimaraes.htm #poem
Gonçalves Dias - http://www.casadobruxo.com.br/poesia/g/ainda.htm #poem
Bernardo Bertoluci - Último tango em Paris #movie
Dicionário da lingua portuguesa - http://www.priberam.pt/DLPO/ #others