domingo, 16 de setembro de 2012

Cães que ladram na madrugada


Caminho pela madrugada
Ruas de pedra, corações de lata
Caminho e deparo com dois cães
Cães que ladram na madrugada
Porque cargas d'água?
Uma meia coragem me surge
Estou disposto ao chute
Nos cães, uma meia covardia
Só ladram, mostram os dentes, ameaçam
Emperram o caminho, me cercam
Cães que ladram na madrugada
Um impasse: Quem tem mais coragem?
"Eu ou os cães?" Sujos cães da madrugada
Uma fome me avassala, sinto ódio, sinto dor
Vazias estão todas estradas
Os cães feridos, famintos, sem um osso
Não há pedras só asfalto
Sangrentos cães da madrugada
Tomo fôlego como vinho
Os cães me rosnam, aguardam um passo
E eu aguardo que se desfaçam
Tolos cães da madrugada
Desfazendo do marasmo, pouco a pouco
Me movi, de leve, aos cães em meu caminho
Fiz-me de surdo, ignorante, aceitei o meu destino
Tristes cães da madrugada
Se ainda ladravam, não mais me incomodava
Dei passos largos em direção à outra estrada
Mortos cães da madrugada
Já não mais valiam os chutes que eu lhes dava.

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