Fulgurada culpa meu semblante exprime
Culpa esta que o fundo não se alcança
Maldita lâmina a qual cometo este crime
Penetra o peito, fulmina toda a esperança
E quantos "ais" ainda dirão estes meus lábios
Que desconhecem outros lábios traiçoeiros
Dou minha paga, três moedas ao gondoleiro
Vamos cantando estes lamúrios tristes e sábios
Eia! Que a vista, no caminho, já se entreva
Todos os anos se esvaem num segundo
Nenhuma pena vale o que minha mão escreva
Esvaem-se desejos deste peito, mas bem profundo
Pouco a pouco algo muito maior se eleva
Acabar-se em versos, abraçar a dor, beber o mundo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário