sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cordel da Estrada da Ilusão

Na estrada da ilusão
seguiam: razão, paixão e loucura.
seguiam caminho reto,
e sem ter muita desventura
achavam que estavam certos
por seguir nesta aventura.

E seguindo lindo caminho
sem pedra, nem alçapão
nenhuma cruz, nem espinho
onde calcassem o chão
depararam logo com
uma grande bifurcação

Era a bifurcação medonha
da triste e cruel solidão,
na qual de muita enfadonha
tiraram uma conclusão
"já não quero mais viver
o doce sonho da ilusão"

Cada qual para o seu lado
cada qual para o seu chão
"ficarei com a minha parte
o que me cabe da ilusão
parte esta que cativo
dentro do meu coração"

A paixão era a mais cega
seguiu logo seu caminho
se tratava de uma serra
com muita lama e espinho
queria plantar e colher
e levou sua parte sozinho

Um terço de mim é paixão
um terço de mim é loucura
outro terço de mim é razão
faço uma linda mistura

Inteira sou o amor
inteira sou o perdão
mas a parte que me cabe
sem dúvida é a paixão.

Tendo apenas restado
a razão e a loucura
embora tenha prestado
ficaram em grande fissura
pois faltavam-lhe a paixão
e partiram a sua procura

A razão a mais esperta
seguiu num caminho ligeiro
era um caminho festeiro
cheios de flores abertas
mas quem quer só mel na certa
inda há de engolir um vespeiro

Um terço de mim é razão
um terço de mim é loucura
outro terço de mim é paixão
faço uma linda mistura

Inteira sou o amor
inteira sou emoção
mas a parte que me cabe
sem dúvida é a razão.

A loucura era a mais tola
de pensamento inocente
de sonhos irreais ardentes
que a vida nos apregoa
ficou na bifurcação
achou que era coisa boa

Um terço de mim é loucura
um terço de mim é paixão
um terço de mim é razão
faço uma linda mistura

Inteira sou o amor
inteira sou a ternura
esta parte que me resta
agora chamo de loucura.

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