terça-feira, 10 de junho de 2014

Quotidiano


Encontrei o meu passado em uma esquina
Destas escuras esquinas da cidade
Vinha todo desbotado de saudade
Do tempo dos bondes e das lamparinas;
Tempo dos meninos na calçada jogando gude
Das amarelinhas, pula-corda, peão e peteca
Ali estava meu passado, que sapeca
Corri para reencontrá-lo, chegar não pude.

Desviei o meu olhar por um instante
E vi a moça que um dia eu desejara
E que eu amo, que amarei e ainda amara
Por quem meu coração bate agonizante
Os teus olhos traziam tanta quietude
Nas tuas mãos todo o peso da idade
O coração ainda entregue à mocidade
Em todo sonho e utopia vê virtude.

E tropecei em horas passadas de alegria
Vi minha vida se esvair pela sarjeta
Do meu futuro vi somente a silhueta
Vou revivendo o meu passado em poesia
E em cada esquina escura da cidade
À musa luz que incendeia o pensamento
Reconstruí meu reino de esquecimento
Vã tentativa de encontrar felicidade.

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