sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O silêncio das coisas

Eram, os dois, caquinhos de fina peça
Vira e mexe se remendavam em porcelana
Mas vejam se não é, a vida, cruel cigana
Pois, nos remendos, o desgaste formou frestas.

Queimava os olhos de toda gente provinciana
Que nos mercados o tal assunto corria aos ventos
"Não olhe agora, mas veja só esses dois remendos...
Não se enquadram e ainda querem ser porcelana!"

Mas o amor enchia a porcelana e transbordava
Vazava por todos os lados e pelas frestas
E espatifou a fina peça num humor prosaico
E foi o fim da fina peça de porcelana.

Mas, os caquinhos em meio à lama que impregnava,
Não reclamavam, muito ao contrário, fizeram festa
Ainda se amavam e ali fizeram lindo mosaico
Longe dos moldes de toda gente provinciana.

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