segunda-feira, 12 de novembro de 2012
O mundo de estimação
- Olhe Annabele! O nosso mundo!
- Nada de novo Charlie, nada de novo...
- Veja estas cores, veja esta vida! Atenta às pessoas e seus lares, repara nas coisas e como são belas. Os simples e seus empregos e veja os burgueses e nada lhes faltam, o tanto que sobra! E veja a dureza Annabele, a bela dureza, a escravidão, a fome, a pestilência e a espada. Olha como gira Annabele! É sempre o mesmo, puro, colérico e maldito. E cada voz que se cala é uma voz liberta, cada alma que esvai paga o dote da terra. Nenhuma existência é puramente tolerada. E isto é belo, a morte se regozija, sente o odor de seus corpos...
- Deixe-os em paz!
- Te incomodam?
- Não, apenas não entendem.
- Então lhes diga a verdade.
- Não seja cruel, Charlie.
- Quanto tempo lhes resta?
- Não muito, nem dá pra ser feliz.
- Queria inventar minha própria felicidade.
- Comece com a minha, conte-me uma história.
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